Um novo jeito de enxergar o mundo, promover mais bem-estar e qualidade de vida para as pessoas, além de melhorar os resultados operacionais das empresas. Esses são os efeitos mais claros da arquitetura biofílica
A arquitetura biofílica é o que existe de mais moderno quando se fala na elaboração e posterior estruturação de ambientes saudáveis. Porque, hoje em dia, mais do que visuais encantadores que arranquem suspiros da plateia, os espaços precisam, em primeiro lugar, fazer sentido para as pessoas que estão ao seu redor.
A era da informação, na qual estamos todos inseridos neste momento, trouxe um novo despertar das pessoas e, ao mesmo tempo, elevou o nível de consciência. Por exemplo, não se fala mais em saúde do ponto de vista física, apenas. Mas, agora a ideia de indivíduo passa também pelas esferas mentais, emocionais e até espirituais.
Uma vez conectados com essa nova realidade que se apresenta, é fundamental não apenas ampliar o campo de visão, mas, de certa forma, olhar para trás e nos ligar com a nossa mais pura essência. Ou seja, reconhecer a nossa origem, e a nossa mais íntima conexão com a natureza. Então, é nesse instante que a arquitetura biofílica entra em cena e se mostra como uma solução para essa e as próximas gerações.
Afinal, o que é arquitetura biofílica?
Em linhas gerais, a arquitetura biofílica nada mais é do que desenvolver ambientes, seja ele interno ou externo, que leve em consideração o contato com a natureza e seus mais variados elementos. Isto é, aproximar homens e mulheres, sobretudo os que vivem em grandes centros urbanos, da sua essência, que é interação com o verde. É um resgate do ser e retorno às origens, algo que parecia deixado de lado nos últimos tempos.
Sabe aquela máxima: se não podemos ir até a natureza, então que a gente possa trazê-la para perto? Pois bem, esse é o conceito-chave de arquitetura biofílica. Trata-se de um novo olhar para a sempre urgente questão da sustentabilidade. Esse é uma das razões que deixam claro a sua importância nos dias atuais.
O bom de tudo isso é que o verde pode se manifestar de diferentes modos dentro e fora dos espaços. Por exemplo, pode ser direta, com a incorporação de jardins verticais, distribuição de plantas em locais estratégicos, jardins, flores, hortas, acesso a luz natural, entre outras possibilidades. E também pode ser adotada de forma indireta, como uso de cores vibrantes e que remetem à natureza, quadros, pinturas, sons etc.
Nunca é demais lembrar. É importante ter um parceiro habilitado, conectado com as últimas tendências, para montar um projeto único que harmonize os ambientes com o verde.
Essa ideia tem se popularizado dia após dia e tem estado presente em rodas de conversas entre arquitetos, decoradores, paisagistas, poder público e privado. Principalmente em razão dos benefícios que o design biofílico proporciona não só as pessoas enquanto indivíduos, mas também do ponto de vista da sociedade como um todo. Porque no fim, todos saem ganhando.
Os benefícios da arquitetura biofílica
Para além das boas e evidentes sensações que o mundo natural oferece, como harmonia, plenitude, paz, sensação de calma e leveza – só para citar algumas -, a arquitetura biofílica é comprovadamente um meio eficiente de interferir de forma positiva no cotidiano das pessoas. Mais de 50 estudos produzidos em diferentes partes do mundo revelam os efeitos positivos que a natureza causam na vida, saúde e bem-estar das pessoas.
Pequenas mudanças para incorporar a natureza ao local de trabalho podem causar um grande impacto na forma com que os funcionários se sentem quando chegam para trabalhar, e no quanto eles se sentem satisfeitos quando estão trabalhando.
As evidências científicas apontam que o uso do design biofílico no ambiente de trabalho melhora, sobretudo, três aspectos: o bem-estar, a produtividade e a satisfação geral dos funcionários. De acordo com o relatório “O impacto global da biofilia no espaço de trabalho”, produzido pela Human Spaces, a sensação de bem-estar com locais verdes cresce 15%, enquanto a produtividade sobe 6% e a criatividade se eleva em 15%.
Essa mesma pesquisa, por sinal, mostra quais são os cinco elementos mais desejados dentro dos escritórios. São eles: iluminação natural, plantas e flores em geral, ambiente silencioso e tranquilo, vista para o elemento água, como mar ou lagos e, por último, cores fortes e vibrantes. Eis um bom caminho para iniciar o projeto de arquitetura biofílica dentro das corporações.
Na outra ponta, um espaço no qual a natureza não está presente pode causar um efeito negativo na vida e saúde das pessoas. E, por consequência, resultar em deficiências no desempenho profissional e na produtividade dos colaboradores, o que impacta diretamente nos resultados operacionais das empresas.
No Reino Unido, o estresse relacionado ao trabalho representa 35% dos problemas de saúde e 43% da ociosidade. O custo disso às organizações está estimado em impressionantes £29 bilhões por ano. Nos Estados Unidos, a ociosidade custa por ano aos empregadores, em média, US$ 2.074 por empregado. Valores consideráveis.
Ambiental, econômico e social
A importância da arquitetura biofílica fica ainda mais evidente à medida que analisamos o chamado Tripé da Sustentabilidade. Criado ainda nos anos 1990 por John Elkington, cofundador da organização não governamental SustainAbility, o tripé defende a ideia de resultados que possam ser mensuráveis para analisar o impacto das atividades da empresa, organização ou nação no mundo ao seu redor.
De acordo com Elkington, os três pontos fundamentais são planeta, lucro e pessoas.
O primeiro, corresponde aos aspectos ambientais; o segundo, ao lucro das organizações, ou seja, seus resultados econômicos; enquanto o último trata dos benefícios gerados para a sociedade em geral. E a arquitetura biofílica consegue atuar nessas três esferas.
Por fim, é importante ressaltar que todo projeto bem elaborado de arquitetura biofílica significa resultados melhores do ponto de vista financeiro para as corporações. Porque o verde, além de levar beleza, melhora a vida das pessoas e das empresas.